O desenvolvimento da sexualidade
feminina ocorre de forma diferente à dos
meninos. Enquanto nos homens, primeiro
ocorre o complexo de Édipo e só, então, se faz
presente o complexo de castração, com as
mulheres ocorre o inverso: a constatação da
castração é que desencadeia o complexo de
Édipo.
A menina, por sua vez, abandonaria o
desejo de ter um pênis em substituição ao desejo de ter um filho do seu objeto de amor,
isto é, seu pai. Esta necessidade superaria a ferida de sua condição feminina, ao criar, ao
lado da equação proposta por Freud, onde o pênis é igual ao falo, uma nova
equivalência onde se percebe o filho igual ao falo.
“A ausência de um pênis faz a menina sentir inveja, que,
de acordo com a forma como é manejada, determinará a sua
identidade. Em excesso, pode levar ao desenvolvimento de
qualidades masculinas para o substituir, ou à obtenção de um,
através da fantasia. Pode se sentir inferiorizada, ficando
passiva e masoquista, confundindo o seu clitóris com um pênis
defeituoso, não deslocando o erotismo para a vagina. Se tudo
correr bem, no entanto, ela se voltará para o pai e terá o desejo
de ter um bebê, orientando-se heterossexualmente.” (AFONSO,
2007, p. 332)
O mesmo autor (2007) segue com a sua explicação afirmando que, à menina,
ainda cabe perdoar o pai por a obrigar a adiar a chegada do bebê e com isso precisa se
identificar com a mãe para se tornar, finalmente, feminina. É o complexo de castração que se coloca como o divisor de águas da
sexualidade feminina. Neste momento, para a menina cabem três alternativas:
abandonar os impulsos sexuais, tornando-se frígida, identificar-se com o pai,
provocando a homossexualidade, ou, escolher o pai como objeto de amor, descobrindo a
feminilidade.
Assim, de acordo com Vieira, (2009), podemos perceber que, embora Freud
tenha traçado três vias possíveis para o confronto das mulheres com sua castração, foi
eleita uma única direção para se tornar mulher, a saber, a maternidade.
Mais tarde, Freud (1920-1969) publica um artigo sobre a homossexualidade
feminina, onde desenvolve a ideia de que a homossexualidade estaria ligada a uma
fixação infantil à mãe e uma fortíssima decepção em relação ao pai, aliando-se a isto um
complexo de virilidade. (FRAZÃO e ROSÁRIO, 2008, p. 28)
Em outras palavras, como quem engravidou foi sua mãe e não ela, a saída deste
trauma é virar as costas para o pai e para todos os homens e, pela inveja da conquista da
mãe, busca o papel masculino como uma solução para ter o mesmo destino que sua
mãe.
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