sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Esforços para mudança da orientação sexual não aumentam as tentativas de suicídio


Embora sempre surjam acusações de danos com relação aos esforços para mudança da orientação sexual, a Associação Americana de Psicologia admite que, até o momento, as pesquisas não sustentam tais alegações (APA, 2009). Apesar da falta de trabalhos que sustentem as acusações de dano, isso continua a ser feito, inclusive com uma pesquisa que alega que a mudança de orientação aumenta o risco de suicídio. O que pesquisas de fato revelam? Este resumo da pesquisa conduzida por Whitehead (2010) revela que fornecer cuidado psicológico para pessoas com pensamentos e sentimentos homossexuais indesejados não aumenta o risco de suicídio para o cliente.

Allgumas pesquisas examinaram se os esforços para mudança causam ou não prejuízos aos clientes (Nicolosi, Byrd, & Potts, 2000; Beckstead, 2004; Shidlo & Schroeder, 2002; Spitzer, 2003; Jones & Yarhouse, 2007; Karten & Wade, 2010.) Quatro desses seis estudos mostraram empiricamente que não há danos ou aumento nas taxas de suicídio, mas, em vez disso, muitos resultados positivos. Contudo, Shidlo & Schroeder (2002) relatam, especificamente, as experiência negativas para clientes em tratamento psicológico devido a sentimentos e
pensamentos homossexuais indesejados, inclusive uma auto-imagem mais negativa e tentativas de suicídio, algumas vezes delegadas à terapia. Segue uma analise mais detalhada desse estudo. Entretanto, é preciso que se note primeiro que o estudo foi conduzido com um viés muito claro, pois os pesquisadores de fato advertiam aos participantes com a declaração de " Ajude-nos a documentar os danos das terapias homofóbicas". O trabalho deles se entitulou "Terapias homofóbicas: documentando o dano" (Shidlo & Schroeder, 2002, p. 259).

Apesar de os métodos de recrutamento claramente parciais, Shidlo and Shchroeder (2002) descobriram resultados positivos para alguns clientes. Felizmente, eles honestamente relataram os resultados positivos no trabalho. Quanto às alegações de dano, Shidlo and Schroeder relataram o número de pessoas envolvidas em tentativas de suicídio antes, durante e após a terapia, respectivamente : 25, 23 e 11. O número das tentativas de suicídio diminuiu com o seguimento da terapia. Na figura 1, isso está registrado respeitando o período de tempo envolvido e o comparando com o que seria esperado se houvesse o mesmo nível de suicidio por unidade de tempo, isto é, para a falta de efeito da terapia


Figure 1. Taxas de Suicídio obsrvadas e experadas relatadas no estudo de Shidlo & Schroeder (2002).
ANTES DURANTE DEPOIS

Além disso, visto que as amostras de Shidlo and Schroeder (2002) continham 26 clientes satisfeitos e 176 insatisfeitos, é provável que isso represente a distribuição de satisfação de clientes anteriores pela média de terapeutas, especialmente quando comparado a outras pesquisas de satisfação (e.g. Karten, 2010). A redução na possibilidade de suicídio poderia, é quase certo, ser maior e mais relevante em termos de estatística com uma amostra mais representativa. Há uma necessidade clara de uma pesquisa mais aprofundada para estabelecer tal conclusão mais precisamente. Por outro lado, esta é uma conclusão trivial - em alguns aspectos, qualquer pessoa incentivada a adotar um estilo de vida menos arriscado experimentará muitos bons efeitos de longo prazo e, provavelmente, uma redução nas possibilidades de suicídio.

É muito importante pontuar que os resultados de Shidlo e Schroeder (2002) refletem o padrão universal visto em todas as psicoterapias. Como mostrado várias vezes (e.g. Erlangsen, Zarit, Tu, & Conwell, 2006; Qin & Nordentoft, 2005; Qin, et al. 2006), quando pacientes psiquiátricos são admitidos em um hospital, as taxas de tentativas de suicídio aumentam bastante na primeira semana de admissão e, geralmente, há um pico secundário na primeira semana após a liberação, depois um forte e longo decréscimo próximo às taxas da pré-admissão. Num tipo de reação psicológica, uma vez resgatados, ('sob tratamento'), eles desistem de sua empreitada heroóica.

Para terapeutas, a conclusão deste exame estatístico seria a de que, no total, as tentativas de suicídio não foram maiores no período de terapia que antes dele, mas que há um pico nas tentativas durante a terapia já comum a outras formas de cuidados terapêuticos. Uma continuidade da pesquisa convencional seria prudente.

(Para ler o artigo na íntegra, veja Whitehead, N. (2010). Homosexuality and Co-Morbidities: Research and Therapeutic Implications (Homossexualidade e co-morbidez: pesquisa e implicações terapêuticas). Journal of Human Sexuality(Jornal de Sexualidade Humana), 2, 125-176.)

Referências:

APA Task Force on Appropriate Therapeutic Responses to Sexual Orientation. (2009). APA Task Force on Appropriate Therapeutic Responses to Sexual Orientation, Washington, DC.

Beckstead, A. L., & Morrow, S. L. (2004). Mormon clients' experiences of conversion. therapy: The need for a new treatment approach. Consulting Psychologist, 32, 651-690.

Erlangsen, A., Zarit, S. H., Tu, X., & Conwell, Y. (2006). Suicide among older psychiatric inpatients: An evidence-based study of a high-risk group. American Journal of Geriatric Psychiatry, 14(9), 34-741.

Jones, S. L., & Yarhouse, M. A. (2007). Ex-gays? A longitudinal study of religiously mediated change in Sexual Orientation. Intervarsity Press, Downers Grove: Il.

Karten, E. Y, & Wade, J. C. (2010). Sexual orientation change efforts in men: A client perspective. Journal of Men's Studies. 18, 84-102.

Nicolosi, J., Byrd, A. D., & Potts, R. W. (2000). Retrospective self-reports of changes in homosexual orientation: A consumer survey of conversion therapy clients. Psychological Reports, 86, 1071-1088.

Qin, P., & Nordentoft, M. (2005). Suicide risk in relation to psychiatric hospitalization: Evidence based on longitudinal registers. Archives of General Psychiatry, 62(4), 427-432.

Qin, P., Nordentoft, M., Hoyer, E. H., Agerbo, E., Laursen, T. M., & Mortensen, P. B. (2006). Trends in suicide risk associated with hospitalized psychiatric illness: A case-control study based on Danish longitudinal registers. Journal of Clinical Psychiatry, 67(12), 1936-1941.

Shidlo A., & Schroeder, M. (2002). Changing sexual orientation: A consumers' report. Professional Psychology: Research and Practice, 33, 249-259.

Spitzer, R. L. (2003). Can some gay men and lesbians change their sexual orientation? 200 participants reporting a change from homosexual to heterosexual orientation. Archives of Sexual Behavior. 32, 403-417.

Whitehead, N. (2010). Homosexuality and Co-Morbidities: Research and Therapeutic Implications. Journal of Human Sexuality, 2, 125-176.


Um comentário:

Anônimo disse...

Há um capítulo no desenho South Park em que o Butters, o garoto mais ingênuo do colégio, é confundido pelos pais com homossexual e levado a um retiro religioso. Quando vão mostrar o quarto dele, o que seria seu colega de quarto tinha se enforcado. Durante uma palestra com um padre que se dizia ex-gay mas se comportava como uma drag, outro garoto deu um tiro na cabeça. Mais tarde, enquanto o diretor do retiro repreendia o menino, ouviram mais um tiro vindo de longe (mais um suicídio, claro). E no final do capítulo, o colega de quarto do Butters tentou pular da ponte mas o Butters o convenceu de que não havia nada de errado com ele e o fez desistir do suicídio. No capítulo inteiro o Butters não percebeu que se tratava de sexualidade estar naquele retiro.

Por um lado, o desenho quis dizer que ficar dizendo que Deus odeia gays e os mandará pro Inferno é errado (e é!), mas por outro O DESENHO ESTÁ COMPLETAMENTE EQUIVOCADO, as provas estão nas postagens deste blog. Ser gay NÃO É PERMANENTE, É POSSÍVEL MUDAR, eu começo a achar que não mais quero acreditar nisso, mas que estou acreditando de verdade.

A batalha continua...